Para ler ouvindo “Home” interpretado por Diana Ross
When I think of home
I think of a place where there’s love overflowing
I wish I was home
I wish I was back there with the things I been knowing
Ficar trancada em casa durante esses três meses de quarentena me fez perceber a necessidade de ter um canto meu, que reflita quem eu sou, o que eu gosto e que me deixe confortável o suficiente para criar. Claro, Vírginia Woolf já disse tudo isso e mais um pouco quando escreveu Um Teto Todo seu em 1929 e infelizmente consigo ver que pouca coisa mudou para as mulheres quase cem anos depois. Se para muita gente ter um teto qualquer que seja sobre a própria cabeça ainda é considerado um privilégio, imagina para uma mulher ter um cômodo que seja só para si.
Eu não tenho aqui a pretensão de comentar o mundo e a sociedade dos quais eu entendo tão pouco. Esse blog é, antes de mais nada, o meu teto virtual sob o qual posso escrever minhas impressões baseada na minha experiência de vida que tem sido muito confortável e sem grandes dificuldades. Mas é exatamente por ter essa noção do quão privilegiada eu sou, que me pego cada vez mais grata por ter um teto todo meu. Onde eu posso “mandar e desmandar” e fazer o que me der na telha sem precisar da aprovação de ninguém.
And just maybe I can convince time to slow up
Giving me enough time in my life to grow up
Time be my friend, let me start again
É claro que ainda morando com meus pais isso tudo fica ainda mais fácil, mas tenho que agradecer também pela liberdade que me é dada sendo uma pessoa ainda tão dependente dos meus progenitores. E sendo obrigada a passar tanto tempo dentro do meu quarto e da minha casa, dediquei boa parte do meu tempo e dinheiro a deixar tudo mais meu possível. E é por isso que faz um tempo eu tenho tido vontade de ler, escrever, tirar fotos e até cantar (por pior que eu cante).
Apesar de sempre ter uma lista de meia dúzia de coisas que gostaria de mudar ou melhorar, eu sou extremamente grata de ter esse privilégio de poder não só ter um lugar para chamar de minha casa, mas de também ter, dentro dessa casa, um espaço que reflete minha essência e que eu posso mudar e renovar conforme eu mesma vou mudando.
Quando eu penso em casa eu penso nas paredes azul claro do meu quarto, dos móveis brancos recheados com cores das minhas roupas, livros e decoração. Eu penso no sol do fim de tarde que reflete dourado em cada canto e do vento que sopra às vezes quente, às vezes frio. Eu penso na minha cama e nas minhas almofadas e no cheiro dos incensos que ficam na gaveta da mesa de cabeceira. Eu penso na sensação de paz e aconchego e no descanso que sempre vez confortável e seguro.
And I’ve learned
That we must look inside our hearts
To find a world full of love
Like yours
Like me
Amiga, estou um pouco chocada. Antes de vir terminei um texto que tava nos meus rascunhos tem uns dias e quando eu cheguei aqui vi que seu texto era sobre exatamente a mesma coisa? Inclusive com passagens parecidas dentro.
Eu amo demais essa sensação de casa, de ter meu espaço, de ser absoluta e totalmente livre para existir em um espaço. Nem imagino como seria passar por essa fase sem isso.
Também tenho minha paredinha azul clara por aqui.
Tava com saudades de trocar comentários ❤
CurtirCurtido por 1 pessoa
Que delícia comentar num post assim no ano de 2020! ❤
Ter um cantinho em que a gente se sente 100% confortável é uma sensação muito gostosa. Quando o caos reina em tudo, olhar para a estante que eu mesma arrumei e deitar na minha rede traz algum tipo de conforto. Dá muito gosto ir ajeitando o nosso espaço.
(amei seu calendário de parede!!!)
CurtirCurtido por 1 pessoa
Nossa, sim. Essa sensação de segurança e conforto em tempos tão incertos ainda que não dure muito tempo – afinal a realidade sempre bate à porta – é muito boa e necessária! Cuidar desse espaço é um tipo de terapia né?
Ah, o calendário é da Imaginarium hahahah ♥
CurtirCurtir
Pingback: tempos mais simples – LoraodFugar